Eu nunca soube querer, assim como a maioria das pessoas fazem. Como quem quer uma casa, ou uma viagem pra Paris. Coisa dessas de sonho mesmo, de trabalhar a vida inteira pra alcançar. Esse meu querer é meio brando, fazer o que? meu desejo tem outro jeito de estar. Estar sim por que não é, nunca é permanente. Dia após dia a vida me ensina que o que é hoje, amanhã não será. Que quem fica parado é antigo, conservador, ultrapassado. Nessa vida eu acho que nasci moderna. O mundo desmorona ao redor, e eu permaneço indiferente, rascunho de gente, que me tornei. Então veio você, como poderia ter sido qualquer outro a chegar, e eu assim desavisado que tudo iria mudar. A saudade, por exemplo, se tornou eterna. A vontade de te ter tomou dias e noites, e meses, e todos os momentos que dedico a ter qualquer lembrança ou pensamento em você. Tudo era fugaz, distante, ou indecifrável. E quanto mais te vejo, quando mais fundo olho, vejo o quanto eu errei de não querer algo assim, tanto. Porque tudo que eu te proponho é pouco demais pra se fazer sonho. É covarde demais pra te levar desse mundo, pra o que eu criei. Tudo passa ao redor, mas você não passa. Tudo tem outra dimensão diante do espaço que você já ocupava. Fogo que queima pra arder. Culpa por culpa eu sinto é pela covardia de não te dizer tudo, de não te pedir tudo, de ficar obsoleto.
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