sábado

Grito

O grito vem da minha garganta.
Dizem que gritar ajuda,
que falar alivia,
mas é tudo mentira.
"Fim" não devia ter som
pra que a gente aprendesse a saber
quando acabou, antes de ouvir.

E você joga em meu ouvido
vulgaridades em desespero
como se fosse o agora, o infinito,
só presente e passageiro.
Fui eu quem não vi
as ameaças postas à mesa.
Eu comi de pouquinho
e você sempre achando
que eu não iria me encher
do medo que você quer que eu tenha
de ficar sem você.
Não sei se era fingimento
a felicidade que eu sentia.
Eu sentia a casa tremer por dentro,
via as paredes raxarem,
o teto cair.
Só o fim que chegou em silêncio
e eu não ouvi.

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