quarta-feira

Lambendo as Feridas

Vou lambendo as feridas
pra saber se ainda tenho peito,
se dentro dele bate um coração.
Faz tempo que não.
faz tempo que me deixo cega
que ergo alto as mãos
pra me proteger da vida,
dos desafios, dos fracassos,
das paixões.
Faz tempo que estou morta
e sinto só o vazio
do lugar que o amor ocupava.
Amor que é verbo e sujeito,
núcleo atômico,
consciência teimosa...

Vou lambendo as feridas
como se fossem sarar
mas não sara.
O amor alargou, expandiu
e levou tudo que ele me dava.
Levou o riso da tragédia cômica,
levou a parte da historia não lida,
levou a paz despretensiosa.
Os dias não estão entendendo
que o tempo tem que passar.
O meu coração não suporta,
continuar a criar feridas
pra depois ficar lambendo.

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