terça-feira

Para Recife


Um pedaço de mim ficou por aí.
Ficou no frevo que ferve nos pés.
Ficou no céu cor de anil,
no vento salgado do mar.
Ficou um pouco quando parti.
Através de cada memória
das noites intermináveis
da Bodega do velho
para a terça do vinil.
Fiquei um pouco
e não quero não me deixar.
Na vista do Marco Zero,
no alto da Sé de Olinda,
nas quartas repartidas
entre o Santo e Lesbian Bar.
É como estar lá
pra voltar pra casa no Bacurau
ou ficar e ver o dia amanhecer.
Passar a semana toda esperando
a viajem pra Maraca,
uma Liquid Sky,
ou as festinhas da Golarrolê.
E nem lembre fale do carnaval!
Que injeta a alma de alegria
E superdosa a vida da gente.
E deixamos somente sete meses
a vida se encher de saudade
pra trazer o canaval novamente.
Um pedaço de mim ficou por aí
segurando o pedaço que veio comigo.
É como se tivesse deixado um amigo, Recife.
Nas Casas, Torres, Madalenas
Nas Encruzilhadas, nas Boas Viagens
Nos Campos Grandes e Capibaribes,
nos botecos da minha cidade.

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