domingo

somente o amor me consola
das palavras amargas já proferidas
da estagnação dos sentimentos
da bruta e corrosiva magoa
da dor causadora das feridas
abertas, latejantes, vivas
e me move na paralisia
e tira o peso dos duros momentos
e faz do teu isolamento
a minha escola
e faz dos meu atos, alternativa
de escolher sempre você
você que é mais do que
as palavras me dizem
do que a pausa ou desgaste
do que é dor ou escuridão
eu sinto além do que posso ver
eu sinto o caminho falho dos pensamentos
o ciclo de forca e anemia
o corpo em eterno contraste
contraído, contraposto
gestos que contradizem
o que as fantasias me falam
e nela você sempre ia embora
eu era sempre indecisão
cega pelas incertezas que eu calo
muda pela insegurança que toma
não vi o passar da hora
nem teus traços mudarem no rosto

quase ou certamente perdi o tempo
mas venho sem medo, sem pena
tirando a pedra que há no caminho
te dizer que a dor é pequena
que o amor se revela sozinho

impermeável, crescente, exposto

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