domingo

Ela não sabe ver
ela não consegue ser
razão principal
da minha loucura
a roda gira em torno do centro
sempre voltando ao mesmo lugar
não se sabe se ela vai parar

ela é cega, ela nega
que o que digo é a verdade mais pura
ela, na verdade, quer diferente
eu, na verdade, não sou o bastante
não pra ela
ela toca de olhos fechados
os contornos do meu sentimento
ela sabe o tamanho
sabe a textura
não sabe o que tem por dentro
não sabe que eh feito de ferro
não vê o espaço que toma
não sente que não engrandece
não sabe que é feito de tempo
e fica um espaço entre a gente
que é tanto abandono quanto ternura
sempre houve motivos
pra justificar a entrega
sempre sou eu
que não aceito
que não proponho
que não entendo
que desdobro o tempo
pra ficar mais distante
que desisto
que vai e é puxada de volta
que sou mamulengo
cuidadosamente manuseado
que fico sem chão 
quando sonho
estamos aqui novamente
nesse ciclo constante
até quando ela vai se esquivar?
ela é cega, ela nega
as coisas que eu sou e rejeito
no fundo, no fundo
sou eu que insisto
por que ela, na verdade, quer diferente
eu, na verdade, não sou o bastante

não para ela

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